5 de julho de 2007

Com o que se ocupa este pessoal da UNE acampado em Brasília?




São dez mil e vão ficar até domingo.
Ainda ontem alguns passaram a tarde na sessão solene do Congresso Nacional que homenageou os 70 anos desta laboriosa união estudantil.
Mas hoje o que fazer sob este céu imenso da Capital Federal?
Deixo uma singela sugestão aos rapazes e moças da UNE:
Aplicar na veia este legítimo João Cabral, publicado logo abaixo, três vezes ao dia, antes do café, almoço e jantar – que, aliás, já estão pagos pela companheirada.
Quem sabe assim possamos sintonizar mais depresa a voz rouca das ruas, dando um sonoro basta nesta desavergonhada roubalheira de dinheiro público.
TECENDO A MANHÃ
1
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.