Convenhamos, a contribuição do ex-deputado Roberto Jefferson à língua brasileira e ao folclore das falcatruas políticas é inestimável: o superlativo "mensalão". Soa bem, é risível, insinua conciliábulo,tem apelo popular ao bolso, e, ao contrário do que se diz, mais republicano impossível, e remete, obrigatoriamente, à máxima do Barão de Itararé: "todo homem que se vende ganha mais do que merece".
Quem contribuísse para o enriquecimento do idioma, com expressões que caíssem no gosto popular, e cometesse algum crime, deveria ter os mesmos benefícios inerentes à "delação premiada", tão em moda no judiciário brasileiro. É apenas uma idéia, mas os juristas e rábulas deveriam analisá-la na próxima reforma do Código Penal. A Academia Brasileira de Letras também poderia se manifestar sobre essa proposta. A questão mais séria, no entanto, que, provavelmente, congelará a "delação idiomática", é que a inovação lingüística basicamente se concentra hoje nas favelas cariocas, todas dominadas pelo tráfico. O benefício deveria também alcançar os filologistas do pó? O Supremo Tribunal Federal, na condição de Corte maior, poderia decidir sobre essa questão. As múmias da Academia Brasileira de Letras certamente iriam prestar uma consultoria aos ministros do STF. Até lá, olho neles. Nos neologismos, é claro.