21 de agosto de 2007

TOSQUEIRAS BRASILEIRAS, VOLUME 2

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Abre o Jornal Nacional. William fala sobre mais um escândalo político, aparentemente com um frasco de cocô aberto sobre a bancada.
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Muda de câmera. Alguém deve ter tirado o pote de perto dele, que agora faz beicinho meigo para anunciar que uma cega, surda, muda, sem perna e que tem apenas metade de um braço é motorista de caminhão em Orificianalópolis do Norte, interior do Piauí.
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Não vejo a reportagem toda porque, distraído, fico tentando imaginar o tamanho do clitóris da mulher e as mil maneiras através das quais ela se utiliza dele para trocar de marcha.
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Volta o William, que, sensual, levanta uma sobrancelha e puxa a boca de lado, à moda de Ed Mort. Deve ser um sorriso.
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Agora, fala sobre a extorsiva carga tributária brasileira. Provavelmente repuseram o pote de cocô na bancada. Revira os olhos. Não sei se é um orgasmo.
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Prestes a vomitar no sofá e, o que é pior, a apanhar da minha mulher por ter feito tanto, grito desesperadamente o universalmente conhecido Mantrum Genetonorum: “Klatoo barada Nikto! Klatoo barada nikto”. E eis que, milagrosamente, Fátima reaparece na tela da TV.
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Respiro mais aliviado, agradecido por me ver livre do enjôo e, sobretudo, das marcas de rolo de pastel no meu lombo. Então, apesar de ser um ateu não-praticante, murmuro molemente: "O Senhor é santo".