22 de junho de 2007

Bye, bye, poodle Blair

A História foi cruel, por motivos bem diferentes, com dois ingleses: Pete Best e Tony Blair. Pete Best foi baterista dos Beatles antes de a banda emplacar o primeiro das centenas de sucessos. Lennon resolveu dispensá-lo e convidou Ringo Star, que entrou na brincadeira por acaso. Expulso da História, ao azarado Best só restou encher a cara nos pubs e ficar ouvindo as baladas milionárias dos Beatles que mudaram o mundo, para melhor.(Sugiro até que o repórter Geneton Moraes Neto disponibilize a excelente entrevista que fez com Pete Best, em Liverpool).

Os Beatles e o sonho se acabaram, Tatcher mudou a fórceps a economia da Inglaterra, os ingleses se esqueceram da melancólica história pessoal de Pete Best. Décadas se passaram até que a História decidiu fazer outra malvadeza com um inglês: Tony Blair. Beneficiado politicamente (e, ironicamente, pela faxina e modernização da economia) pelo esgotamento das reformas liberais de Tatcher, o trabalhista Blair, ainda jovem, chegou ao poder como a esperança de renovação na política interna e externa do Reino Unido. Incorporou até a expectativa da "terceira via", algo nebuloso entre o capitalismo selvagem e o socialismo totalitário.

Tony Blair traiu os ingleses e a si mesmo. Entre um mandato e outro, os ingleses e o resto do mundo perceberam que Blair jamais seria um estadista. A subserviência aos Estados Unidos, o apoio irrestrito e irracional à política genocida de Bush e a cumplicidade com os argumentos mentirosos que justificaram a invasão do Iraque pulverizaram a imagem de Blair. A imprensa o chama de "poodle" dos Estados Unidos, o cachorrinho de estimação de Bush. Desde Pete Best, a Inglaterra não tinha produzido um sujeito tão fracassado. O apoio popular ao "lulu" dos americanos reduziu-se a míseros 20 e poucos por cento.

Tony Blair se despede do poder na próxima semana. Logo será esquecido pela História e pelos ingleses. Ao contrário de Pete Best, que só tinha nas mãos as baquetas da bateria que não participaram da revolução musical, o slave Tony Blair tem as mãos sujas de sangue. Metido a músico, os Beatles que ainda estão vivos ou os herdeiros de Lennon e George deveriam proibir "poodle" de tocar, mesmo em festinhas de aniversário, qualquer música da banda. Apeado do poder, só resta a Blair esperar um convite de Bush para que passe a morar na casinha de cachorro da Casa Branca. Tchau, assassino.