21 de julho de 2007

A canção do carrasco

Algum jornalista baiano (que não sejam esses que aparecem na TV Globo, indefectivelmente com aspecto de sujo) deveria escrever um longo artigo sobre as conspícuas e suspeitas relações dos tropicalistas baianos com o ex-governador e ex-senador Antonio Carlos Magalhães (que a terra lhe seja leve). Em que base foi firmado o pacto político e existencial entre os tropicalistas e ACM? O que levou Gal Costa, por exemplo, a sair em defesa corajosa de ACM no episódio obsceno da fraude do painel eletrônico do Senado? E a cantora Maria Bethânia a fazer repetidos elogios ao coronel baiano? A Caetano Veloso a recuar toda vez que ACM decidia peitá-lo, de frente, destemido e arrogante como ele era? E o silêncio obsequioso de Gilberto Gil diante dos desmandos provincianos do Imperador da Bahia? Alguém, mais bem informado, precisa desvendar as relações de conivência dos tropicalistas com o carrasco do Pelourinho. Respeito à figura coronelesca e parental do babalorixá baiano? Síndrome (coletiva) de Estocolmo, quando os torturados criam empatia com os torturadores? Malandragem política, divisão de poder, manipulação argentária dos súditos, covardia cívica? Alguém, que não sejam os sujinhos que aparecem mal-lavados no noticiário da TV Globo, precisa explicar melhor essa longa história de amor, esse romance que leva a Bahia a ostentar ainda hoje indecentes indicadores sociais e humanos. Vamos lá, Bahia, findo o trabalho de luto pela sigla malvada, é hora de explicar o pacto tropicalista-ACM. Não tenha medo significa não ter medo.