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Alexandre Soares Silva, no texto "Paulo Francis, tirai-nos da jequice":
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"Quanto a Francis, acho uma vergonha que seus amigos não escrevam logo uma biografia dele. É mais ou menos obrigação de Sérgio Augusto ou de Ruy Castro. Por que escrever uma biografia de 900 páginas de Assis Chateaubriand, exemplo do que se pode chamar de chato pitoresco, chato extravagante, chato interessantinho, mas não de Francis? (Sim, eu sei que foi Fernando Morais que escreveu a biografia de Assis Chateaubriand, solta a minha peruca).
E antes que eles digam "Obrigação minha? Por quê eu?", imagine um mundo em que Boswell não tivesse escrito a vida de Samuel Johnson - e, provocado, dissesse: "Obrigação minha? Por quê eu? Por que não Edmund Burke?".*
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Nunca entendi muito bem quem reclama da arrogância alheia. Nem a de Francis, nem a de Muhammad Ali, nem a de Nabokov ou de qualquer outro. Para quem tem uma dose saudável de arrogância, a arrogância alheia é pelo menos uma garantia de que essa pessoa não vai agarrar você pela lapela, chorando e gritando que não passa de um bosta, um bosta, está ouvindo?, lançando perdigotos nos seus óculos todos. Ler Francis trazia esse alívio.
As colunas de Paulo Francis serviam como uma espécie de educação - uma educação certamente melhor que a da escola e faculdade e pós. Muita gente ouviu falar pela primeira vez de certos autores nas colunas dele. "Tirou os EUA da jequice", ele disse de Mencken, e ele mesmo fez um pouco disso. Bom, não tirou o Brasil da jequice, mas fez um esforço nesse sentido"
(aqui, o texto completo: http://soaressilva.wunderblogs.com/archives/2007_02.html)