Jogador de futebol tem o cérebro nos dois pés. Hemisfério direito, pé direito. Hemisfério esquerdo, chuteira idem. A cabeça propriamente dita está cheia de ar, na verdade é apenas um protótipo de uma bola. É natural. Muitas vezes eles usam também como enfeite de argola. Eu escalaria Patrus Ananias ou Paulo Cesar Pereio ou Sandy Junior para solicitar à FIFA ou à CBF que todo gol seria obrigatoriamente anulado quando o jogador o comemorasse no estilo abominável Bebeto (que fim levou?), com os braços simulando que o torcedor deve ir para casa dormir, não é isso?
Agora, é inegável que Robinho inovou no terceiro gol contra a seleção de Pinochet (não se esquecerás!). O polegar na boca simbolizando uma chupeta é extremamente criativo. Pode insinuar que ele é assinante da fase oral da revista G Magazine. Ou que ele quis homenagear a ministra argentina Martha Kama Sutra. Ou que ele é aficcionado dos filmes do cinema novo, em especial de Macunaíma. Nele, Grande Otelo aparece, de camisolão, cabelo desgrenhado, com uma chupeta na boca. Mas, independente da leitura semiótica da chupeta, Robinho, com seus dribles que inspiram e fomentarão por décadas a subliteratura dos herdeiros de Armando Nogueira, pode nos reconciliar com a nação-chanchada, o projeto comum aos que não moram na Somália do Atlântico. Pena que Garrincha não esteja mais colocando a chupeta na boca das suecas.