27 de julho de 2007

CUIDADO, JORNAIS! DONA LOP PODE CHEGAR A QUALQUER MOMENTO.

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Quem é essa tal de Dona Lop ?

Vou dizer já, já. Você a conhece pelo nome, não pelo apelido. Ponto. Parágrafo.

A cada hora aparece um profeta para tentar adivinhar o que acontecerá com os jornais impressos no futuro próximo. A Internet vai matar os jornais de papel ?
Talvez. Não faz tempo, li um artigo que, confesso, provocou um mini-abalo sísmico em minhas certezas interiores: o autor dizia que, na ponta do lápis, os jornais impressos podem caminhar para a inviabilidade econômica.

Pelo seguinte: os anúncios classificados - uma das fontes de renda dos jornais - começam a migrar para a Internet. Os anúncios "propriamente ditos", idem. Os leitores jovens vão direto para o computador. Ao contrário dos pais, não adquiriram o hábito de ler jornais impressos.

É uma questão de matemática. Se um dia não houver dinheiro em caixa para financiar toda a produção, impressão e distribuição de um produto como é o jornal impresso, entrará em cena uma senhora cruel, capaz de exterminar com um gesto todo aquele que ousar perturbá-la: a sra. Lop, também conhecida como Lei da Oferta e da Procura. Nenhum empresário imprime jornal para fazer caridade. Quer ter lucro,óbvio.

Os jornais frequentemente dão a impressão de estarem cavando a própria sepultura. É inacreditável: há anos e anos, repórteres, editores, professores, pitaqueiros, palpiteiros, picaretas e sumidades dizem e repetem, em tudo quanto é congresso de jornalismo, que os jornais não podem se acomodar, não devem simplesmente repetir o que a televisou já noticiou na véspera.

Sempre dizem: se quiserem sobreviver, se quiserem conquistar leitores, os jornais devem investir na grande reportagem, nos textos autorais, no aprofundamento do tema. É um diagnóstico possível. Mas o que os jornais fazem? Com as exceções de praxe, fazem exatamente o contrário. As primeiras páginas se dão ao luxo de repetir, nos títulos, o que noventa por cento do leitorado bem-informado já sabe desde a véspera. Os textos foram uniformizados. Parecem escritos por uma máquina de produção de frases pré-moldadas. A grande reportagem foi revogada. Etc.etc.etc.

Todo este "nariz de cera" ( é assim que se chamavam as introduções intermináveis dos textos de antigamente) para dizer o quê ?

O presidente do New York Times deu uma entrevista dizendo que não sabe se daqui a cinco anos o jornal existirá fora da Internet. A edição impressa pode ir para as cucuias.

"Sinal dos tempos": hoje, o número de leitores da edição on-line já supera o de assinantes da versão impressa.

Já dá para ouvir, claro e nítido, o rumor dos passos da Besta do Apocalipse se dirigindo à redação mais próxima de um jornal impresso com uma foice na mão e uma motossera na outra.

Mas, apocalipse à parte, é mais do que provável que as edições impressas dos grandes jornais sobrevivam, com outro rosto, outra proposta, outro alcance, outro tamanho.

Podem virar um "luxo", consumido por uma minoria, assim como são tantas revistas e tantas publicações que povoam as bancas.

Quem diria: pelo menos no universo de papel, a "grande imprensa" pode virar "alternativa".

O número de acesso aos sites é que determinará a "tiragem" de um jornal.

Se dona Lop mandar, assim será.

(aqui, a entrevista do executivo do New York Times:
http://www.wbibrasil.com.br/boletim.php?id_boletim=308)