Às vésperas do início dos início dos Pan os aeroportuários do Rio decidiram em assembléia realizada na manhã desta segunda-feira entrar em greve a partir do dia 11 (quarta-feira). O poeta Augusto dos Anjos gostava de olhar os aviões flanando pelos céus pátrios. Em solidariedade aos aeroportuários, esses seres que pisam em bagagens distraídos, um poema leve, muito leve, de um dos maiores poetas brasileiros, Augusto dos Anjos.
A AERONAVE (Augusto dos Anjos)
Cindindo a vastidão do Azul profundo,
Sulcando o espaço, devassando a terra,
A Aeronave que um mistério encerra
Vai pelo espaço acompanhando o mundo.
E na esteira sem fim da azúlea esfera
E na esteira sem fim da azúlea esfera
Ei-la embalada n'amplidão dos ares,
Fitando o abismo sepulcral dos mares
Vencendo o azul que ante si s'erguera.
Voa, se eleva em busca do Infinito,
Voa, se eleva em busca do Infinito,
É como um despertar de estranho mito,
Auroreando a humana consciência.
Cheia da luz do cintilar de um astro,
Cheia da luz do cintilar de um astro,
Deixa ver na fulgência do seu rastro
A trajetória augusta da Ciência.