O Departamento de Blogs do planeta Terra funciona assim : um cita o outro - que cita o outro, numa corrente sem fim. O blog Todoprosa.com.br traz um link para uma radiografia do mercado editorial. O Sopa de Tamanco pede licença para repetir o link.
Por trás de toda discussão, fica no ar uma pergunta: por que, afinal, um autor novo tenta a todo custo publicar um livro por uma grande editora, se um número equivalente de leitores pode, em tese, ser atingido via Internet ? Não é mais fácil,mais prático, mais rápido e menos dispensioso expor um texto num blog ou num site ?
Arrisco-me a dizer: autores preferem enfrentar a ciranda das editoras porque nada, nada, nada conseguiu, até hoje, substituir o "fetiche" do objeto-livro. Nada é tão prático, nada é tão portável, nada é tão "guardável". Um blog, neste caso, não serve como substituto. São duas "plataformas" distintas, para usar palavra tão de agrado dos comunicólogos.
Os textos que povoam a Internet podem até ficar estocados por décadas e décadas, ao alcance de qualquer busca do Google. Não são,portanto, tão perecíveis. O "problema" é que, independentemente desta eventual permanência, tudo o que circula na Internet carrega, tatuada na pele luminosa dos monitores, a marca da transitoriedade : tudo parece fugaz, rápido, fugidio. Já o livro sempre ostentou, por todos os séculos, uma nobreza que permanece intocada : a da permanência.
Quando desembarca numa biblioteca, um livro, por mais medíocre que seja, pode não sobreviver como obra literária, mas resistirá como objeto. Com cem por cento de probabilidade, terá uma vida incomparavelmente mais longa que a do autor. Um dia, quem sabe, um livronauta pousará na biblioteca para folhear aquelas páginas. Feitas as contas, a doce ilusão da permanência é que move um autor a enfrentar a empreitada de publicar um livro. É como se o eterno jogo de esconde-esconde com a morte pudesse ser, ilusoriamente, resolvido com uma arma de papel.
Eu me arrisco a dizer que todas as outras motivações são secundárias.
Quem entende como funciona a máquina de fazer livros pinta este retrato:
"Com o meu ponto de vista de quem trabalhou vários anos numa editora de grande porte, acho curioso que tanta gente boa tenha tanta vontade de ser editado por uma dessas ditas grandes casas editoriais. Porque, pela minha experiência, isso não ajuda em nada. Não sei se tem a ver com um desejo muito forte de reconhecimento, de ser notado pelo meio editorial, supostamente por especialistas (nhé!, duplo nhé!). Mas rola esse fetiche da distruibuição nacional, de ter os livros expostos em livrarias, essas coisas que não passam disso mesmo: fetiches. O resultado prático disso é o que vocês já podem imaginar: nenhum. Um autor brasileiro desconhecido que tem um livro lançado por uma grande editora não vende. As pessoas não compram, ora. Sei lá por quê, com certeza há vários motivos na psique do consumidor brasileiro de livros (essa figura misteriosa). Mas já vi investimentos razoáveis em marketing, anúncios, até resenhas boas, nada disso faz as vendas decolarem. Nada".
( aqui, o texto completo:http://terapiazero.blogspot.com/2007/08/divagaes-sobre-o-mercado-editorial.html)