28 de agosto de 2007

QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA

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— Tá, legal. Agora, por favor, veste a camisa direito e aproveita pra fechar o zíper da calça, que tá aberto. Inclusive a gente tá atrasado, o jantar tá marc... Peraí! Você tá sem cueca, Maurício?
— Maria Cristina, eu resolvi me libertar. A verdade é que o nosso comportamento sempre foi ditado pelas regras da sociedade careta e retrógrada, minha filha. E isso tá errado.
— Sei. Aí você decidiu que a melhor forma de se libertar seria mostrar os pentelhos em público no jantar de noivado de nossa filha?
— A Ana Carla vai entender. Ela é uma moça progressista.
— Ela, sem dúvida. O comendador, pai do noivo, é que talvez ache um pouco estranho. Será que você não podia deixar pra se libertar amanhã ou na próxima segunda-feira?
— Isso é uma coisa que não tem hora, Maria Cristina. É um despertar. Vem de dentro.
— Vem. Vem de dentro e tá saindo pela braguilha. Quer fazer o favor de fechar esse zíper, Maurício? E desvira a camisa, já!
— Não posso, querida. Questão de consciência.
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(Mais, aqui: http://marconileal.blogspot.com/2007/02/noivado.html)