A cachola entra em parafuso ao lembrar Vinicius de Moraes. Foi um de nossos melhores poetas, mas abriu mão do seu talento na grande poesia para usá-lo na música popular. De fato, nos deu letras e músicas belíssimas, mas poderia o país prescindir de um grande poeta para ganhar mais um letrista e compositor, por melhor que fosse?
Mas o que de pior Vinicius nos legou foi criar uma confusão dos diabos entre entretenimento e alta cultura. Me parece que a partir de Vinicius o populacho intelectual passou a colocar na mesma sacola letra de música e poesia, e o mundo foi desfeito em menos de sete dias. Porque só depois do fim do mundo é que gente como Cazuza pode ser saudada impunemente como poeta.
T.S. Eliot, a quem chamo pelas costas de Mr. Bean, estava certo: o mundo vai acabar, não com uma explosão, mas com um lamento.