A ex-"namorada" do ex-presidente do Senado publica um livro em que diz que um ficava olhando nos fundos dos olhos do outro, enquanto ouviam música:
"Nossa música marcante foi a do filme "Lisbela e o Prisioneiro". Misturávamos as nossas vozes com a do Caetano e cantávamos, baixinho, olhando no fundo dos olhos do outro: "Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer. Você só me ensinou a te querer, e te querendo eu vou tentando me encontrar...".
Como diriam os ingleses num momento de espanto, "gosh!!!".
Independentemente de qualquer outro tipo de julgamento, a leitura deste parágrafo, reproduzido hoje em blogs e colunas, me trouxe à lembrança a cena mais patética que já presenciei desde que pus as patas neste planeta. Uma vez, num restaurante a quilo cheio de gente, um marmanjo e a acompanhante ficaram exatamente assim: um olhando nos olhos do outro, por intermináveis minutos, sem dizer palavra, com ar de pombinhos. ...
Se aquela menininha que fazia ponta antigamente nos Trapalhões reaparecesse ali, no restaurante, com toda certeza diria : "Bíiito....".
Se Nélson Rodrigues ressuscitasse, diria o que disse uma vez numa redação: "Patético!!!".
Garçons se movimentavam levemente constrangidos, ao redor da mesa, à espera de que o casal de pombinhos resolvesse parar a encenação para pedir um refrigerante, por exemplo.
Vizinhos de mesa bem que tiveram vontade mas guardaram para si, educadamente, a vontade de dizer : "Já começou a ficar ridículo. Se não for incômodo, vocês poderiam, por favor, ligar para o Departamento de Senso de Ridículo para pedir que eles mandem socorro imediatamente ? ".
Mas não. Ficaram todos calados. Todo mundo olhando de lado e fazendo de conta que a cena não era patética.
A espécie humana - já disseram - é inviável.
Sempre foi.
E será.