De vez em quando eu fico maluco e acho que moro num país de gente educada. Pior: fico achando que escrevo para pessoas esclarecidas.
Nem uma coisa nem outra, é claro.
Viadagem ainda é tabu entre os Nambiquaras. Eu sabia disso. Sempre soube. Mas de vez em quando esqueço.
Alguém me acusa de achar que o Brasil é os Estados Unidos. Não é. Tem razão, o leitor. Mas eu acrescentaria à constatação outra: é uma pena.
Nambiquara confunde "hate crime" com opinião burra. E daí eu fico pensando num documentário que passou aqui semana passada, mostrando os policiais de uma cidadezinha de Ohio protegendo - sim, protegendo! - o direito de neonazistas fazerem um congresso numa Paraíba qualquer dos Estados Unidos.
É o exagero da liberdade? Talvez. Possivelmente. Me deu asco ver os neonazistas odiando judeus em alto e bom som, em pleno século 21. Mas, por outro lado, é a liberdade de ser idiota.
Liberdade que, vez por outra, também exerço. Diga-se de passagem.
Não me levo tão a sério. Brasileiro, sim. Eu me reconheço meio aviadado neste sentido. É possível que os evangélicos idiotas me odeiem por isso e por muito mais. Se um dia escreverem um outdoor dizendo que a Bíblia deixa claro que a polzonoffice é errada, bem, paciência. Eu concedo a todos o direito à idiotice em maior e menor grau.
Mas eu me perdi. Onde eu queria chegar mesmo? Ah, sim, queria reafirmar o básico: viado tem direito de ser viado; evangélico tem direito de ser evangélico. Enquanto um grupo não quiser matar o outro, vou continuar achando que o primeiro tem direito à viadagem e o outro à interpretação burra da Bíblia.
(Daqui a pouco aparece um jeca de foice em riste...)