Atendendo a pedidos, o grande poeta paraibano Augusto dos Anjos exprime os sentimentos de um homem fracassado. Qualquer semelhança com o ex-ministro de Lula é mera coincidência.
TEMPOS IDOS (Augusto dos Anjos)
Não enterres, coveiro, o meu Passado,
Tem pena dessas cinzas que ficaram;
Eu vivo d'essas crenças que passaram,
E quero sempre tê-las ao meu lado!
Não, não quero o meu sonho sepultado
No cemitério da Desilusão,
Que não se enterra assim sem compaixão
Os escombros benditos do Passado!
Ai! não me arranques d'alma este conforto!
- Quero abraçar o meu Passado morto-
Dizer adeus aos sonhos meus perdidos!
Deixa ao menos que eu suba à Eternidade
Velado pelo círio da Saudade,
Ao dobre funeral dos tempos idos!