Toda carta de amor é ridícula, um dos homônimos dos homônimos do poeta já disse. As inúteis confissões, no estilo dos melhores blogueiros cabotinos que infestam a webrother. Mas Debora Secco continua sendo um dos mais belos animais sobre a terra devastada de Santa Cruz. Merece todos os poços de petróleo, fraudados ou não, corrompidos ou não, da Árabia Saudita, do Iraque, da Venezuela, do Irã, da Somália Tropical. E para a bela Debora Secco, neste petromomento tão delicado, o consolo de um dos mais belos e diáfanos poemas de amor da língua portuguesa. É claro que só poderia ser do grande poeta paraibano Augusto dos Anjos.
SONHO DE AMOR (Augusto dos Anjos)
Sobre o aromal e amplo coxim de Flora,
SONHO DE AMOR (Augusto dos Anjos)
Sobre o aromal e amplo coxim de Flora,
Que os vapores da tarde inda incensavam
E que um incenso tênue e bom vapora,
Os namorados lânguidos sonhavam.
A alma do Ocaso entrava o céu agora
E havia pelas tênebras que entravam
Ora estrangulamentos surdos, ora
Ruídos de carnes que se estrangulavam.
E sonharam assim durante toda
A noite, e toda a alva manhã durante!
- O Sol jorrava largos raios longos
E em roda víride e nevado, em roda,
Lembrava o campo um colorido ondeante
De vidros verdes e cristais oblongos!