25 de julho de 2007

Cahiers du Tamancô

Como o salmão, os travestis, os transpositores do Rio São Francisco e o ministro Nelson Jobim, os críticos de cinema lutam contra a Mãe Natureza.

Eles tentam nos dar elementos para que não nos entreguemos ao sono.

Para o público que pode pagar nos grandes centros, as salas têm poltronas cada vez mais confortáveis. Assim, a luta deles é ainda mais vã.

Porém no cerne da coisa está Édipo.

Por que as mulheres, no atacado, não aspiram à crítica de cinema? Porque a sala de cinema compete com elas. É, também, uma luta perdida. Ou uma ação entre amigas, que não pode degenerar em espinafração ou rasgação de seda.

A sala de cinema, o que é, com sua designação doméstica, "sala"? Trata-se de um lugar escuro em que uma história é contada.

Ora, lugar escuro em que uma história é contada se chama quarto. Ou cômodo ou sala ou puxado ou aglomeração subnormal, dependendo do IBGE.

A função da sétima arte, portanto, é colocar o joãozinho e o juquinha na cama.

E irritar ou maravilhar as mulheres; por competição, no primeiro caso, ou por identificação, no segundo.