25 de julho de 2007

OS SUSPEITOS DE SEMPRE

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Ficou pronto o projeto para a criação do trem bala entre São Paulo e Rio. Preço: 17 bilhões de reais. A viagem por terra entre as duas cidades poderá ser feita num piscar de olhos : 85 minutos.

Que bom.

Há, óbvio, um preço extra a pagar : diante do tamanho da obra, as empreiteiras - envolvidas em dez de cada dez casos de corrupção - devem estar esfregando as mãos, soltando fogos (superfaturados, claro) e babando na gravata.

É só dar uma vasculhada nos arquivos : não há roubalheira de grande monta em que não esteja atolada até o pescoço uma dessas empreiteiras que usam propina como ingrediente de cimento. Há décadas e décadas é assim.

Se um investigador com cachimbo e cachecol quadriculado sobre os ombros ordenasse algo como "procurem os suspeitos de sempre", lá estariam, na primeiríssima fila, donos, diretores e, especialmente, tesoureiros de empreiteiras; congressistas e governantes. Noventa e cinco por cento dos casos seriam resolvidos.

Vejam-se os túneis de São Paulo. Quem pagou aos corruptos ? As empreiteiras, claro.

Mas justiça se faça: há algo menos confiável do que elas.

Faça as contas:

Em que você confia menos?

a) uma cédula de dezessete reais e meio
b) o mugido de um boi da fazenda do presidente do Senado
c) as lágrimas de Joaquim Roriz
d) o orçamento de uma empreiteira para uma obra pública