30 de setembro de 2007
Aprende, Jô, sua mula!
Ei, ei, ei, David Letterman é rei!
Com mil demônios! Terá Fausto Wolff vendido a alma a Marconi Leal?
http://marconileal.blogspot.com/2007/04/assalto.html
Eis o que está na coluna de Fausto Wolff de hoje, 30 de setembro deste ano:
http://jbonline.terra.com.br/editorias/cultura/papel/2007/09/30/cultura20070930004.html
Terá sido erro de paginação?
Vamos às transcrições.
Marconi Leal, "Assalto":
- Alô? Quem tá falando?
- É o ladrão.
- Desculpe, não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí?
- Não, os funcionário tá tudo como refém.
- Eu entendo. Trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né? Vida difícil. Mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles?
- Impossível. Eles tá amordaçado.
- Foi o que pensei. Gestão moderna, né? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
- Claro que, não, meu amigo. Quanta inguinorância! O chefe tá na cadeia, que é um lugar mais seguro pra se comandar um assalto.
- Bom... Sabe o que que é? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero.
- Não, isso eu já sabia. Eu sou professor. O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Pra saber de juro é melhor tu ligar pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... Mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
- Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim. Que é um assalto, eu sei perfeitamente. Mas queria saber o número preciso. Seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
- Ah, já tava esperando. Vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... Eu... Peraí, bacana, que hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho. (um minuto depois) Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Tu achava que era menos?
- Não, achava que era isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço, pelo telefone, em menos de meia hora e sem ouvir Für Elise.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Dei umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
- Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadinha. Tá acertado.
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...- Ih, sujou! (tiros, gritos) A polícia!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
- (sinal de ocupado)
- Alô?... Droga! Maldito Estado. Sempre intervindo nas relações entre homens de bem!
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Fausto Wolff, "Papo de velho, ladrão e intermediário":
O sujeito já passava da meia-idade. Era um velho boa-pinta que descobrira isso há pouco tempo e tentava agir de conseqüência, mas algumas coisas traíam o tempo que carregava nas costas. Não que isso tivesse importância para ele nem que pudesse surpreendê-lo em atitude geriátrica. Esquecer de puxar o zíper das calças, por exemplo. Julgar que o último pingo havia desaparecido na privada, mas não... esperara pacientemente pra decolar nas calças e ainda convidara alguns primos e amigos.
De qualquer modo, não era um cara ranzinza. Quando queria uma informação, aproximava-se da pessoa e perguntava em voz clara, pois era meio surdo, e a pessoa: "Não precisa berrar que eu não sou surdo". Assim ia levando sua vidinha, sempre de short e camisa sem gola, pois trabalhava em casa e, pensava ele, sempre podia pedir a grana que lhe deviam pelos dez anos que passara no exterior, voltando com quase 40 para trabalhar na grande imprensa à época, O Pasquim.
Sua mulher lhe dissera que precisava fazer alguma coisa e ele respondia que faria esta coisa quando ficasse velho, embora soubesse que já estava velho. Era jornalista e escrevia uma crônica diária para seu jornal. Usava o computador como se ela fosse a Olivetti que o acompanhou por quase 50 anos. Não ousava mexer em qualquer tecla com a qual não tivesse muita intimidade, com medo de que o mundo explodisse ou o computador derretesse na sua cara.
Uma vez por semana seu neto de oito anos passava por lá e dava uma geral no dinossauro, como o chamava. Com exceção dos políticos, dos banqueiros, dos latifundiários, dos publicitários das novelas de TV, dos pastores eletrônicos, gostava de quase tudo, menos dos robôs que falam ao telefone.
Outro dia, esquecera-se do tempo conversando com o AP dos Santos e agora temia que não conseguiria mais falar com a bela coroa, secretária do banco.
- Quem fala? - perguntou.
Uma voz de homem respondeu:
- É o ladrão.
- Desculpe, mas eu não queria falar com o dono do banco.
- Dona Wilza, a gerenta, está aí?
- Deve estar com os outros reféns.
- Entendo - disse o velho. Ganham o mínimo para fazer o máximo. (Pausa) Será que não poderia dar uma palavrinha com um deles?
- Não vai dar. Estão todos amordaçados.
- Entendi. Gestão moderna. Fizeram alguma crítica e calaram a boca deles. Não tem nenhum chefe por aí?
- Claro que não! Quanta ignorância. O chefe está na sua cela, no presídio, que é o melhor lugar para se chefiar um assalto.
- O negócio é o seguinte, eu tenho uma conta aí...
- Não tem mais. Sinto muito, mas estamos levando tudo. O saldo da tua conta agora é zero.
- Não tinha muito mais do que isso. A informação que quero é sobre juros.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno, assalto a banco, vez ou outra um seqüestro. Para saber de juro é melhor tu ligar pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que estão cobrando por um voto hoje em dia... Mas, será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa. Meu nome é Fausto Wolff... é.... com dois efes.
- Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim. Que é um assalto, eu sei perfeitamente. Mas queria saber o número preciso. Seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
- Ah, já estava esperando. Vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... Eu... Peraí, bacana, que hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho. (Um minuto depois) Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Tu achava que era menos?
- Não, achava que era isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço, pelo telefone, em menos de meia hora e sem ouvir Pour Elise.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Dei umas bordoadas no gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
- Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Não vai ter de comprar picles. Tá acertado.
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
- Ih, sujou! (tiros, gritos) A polícia!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô? (sinal de ocupado).
- Alô?... Droga! Maldito Estado. Sempre se intrometendo nas relações entre homens de bem!
Um minuto de Marcel Marceau em Myanmar
Sabedorias do darwinismo platônico
- Por que ainda se noticiam os problemas de um ex-Polegar?
- Pode ser um aviso de que, no Brasil, o fim do polegar opositor está próximo.
MARCEL MARCEU PORNÔ
Direito de tréplica
FALTOU HOMBRIDADE EM CAMPO
O MEL DO BANCO DO NORDESTE
FURO INTERNACIONAL DO SOPA DE TAMANCO: O DIA EM QUE O REPÓRTER QUE DERRUBOU UM PRESIDENTE AMERICANO TOCOU GUITARRA NUMA MADRUGADA DO RIO DE JANEIRO
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Uma cena inimaginável na noite do Rio de Janeiro: o repórter que derrubou o presidente dos Estados Unidos empunha uma guitarra de madrugada na Urca para tocar rock-and-roll.
Aconteceu agora há pouco, diante de uma reduzidíssima platéia. Quando o concerto improvisado do repórter mais famoso do mundo acabou, há quarenta minutos, o público era formado por exatamente seis espectadores, sentados diante da fera. O abaixo-assinado, enviado especial do Sopa de Tamanco, testemunhou a cena. É ouro puro!
Aos que nasceram ontem :Carl Bernstein é o repórter que, em dupla com Bob Woodward, entrou para a história ao cobrir o Escândalo de Watergate, entre 1972 e 1974. Do fim da história todos se lembram: as reportagens da dupla provaram que o governo Nixon estava envolvido na espionagem de adversários. Depois de negar até o fim o envolvimento do governo no chamado Escândalo de Watergate ( o arrombamento de um escritório do Partido Democrata no Edifício Watergate), o presidente Nixon foi obrigado a renunciar. Nunca na história americana um presidente tinha renunciado.
Ao final de uma recepção oferecida a ele por Ana Maria Tornaghi num casarão na Urca, Carl Bernstein - de passagem pelo Rio depois de fazer uma conferência em São Paulo na Câmara Americana de Comércio - surpreendeu a todos: pegou uma guitarra, cantou e tocou pérolas como "Sweet Little Sixteen", "Love is Strange" ( música gravada por Paul McCartney no começo dos anos setenta), a bela "Goodnight, Irene" ( folclore americano, regravada "n" vezes por feras como Little Richard) ,Bye,Bye Love" ( aquela que diz "Bye bye, happiness /Hello, loneliness /I think I´m gonna cry") e "Blue Sued Shoes".
Bernstein já foi crítico de rock. Tinha vinte anos em 1964. Ou seja: é um legítimo representante da geração que dançou ao som de Elvis Presley. A bem da verdade,diga-se que, como cantor, Bernstein é um excelente repórter. Como instrumentista, dá para o gasto. Se tivesse tentado a carreira nos palcos, estaria hoje tocando num boate do Alabama.
A família é chegada a música: um dos dois filhos de Bernstein é músico numa banda "punk-rock" chamada The Actual.
Quando acabou de tocar, o super-repórter disse ao abaixo-assinado: "Hey, você tem uma matéria!".
Eu já estava ligeiramente constrangido: em São Paulo, tinha seguido os passos de Bernstein durante a conferência na Câmara Americana de Comércio. Acompanhei a entrevista coletiva. Gravei uma longa exclusiva. Tirei fotos. Pedi autógrafo num livro ( não é coisa que entrevistador faça normalmente com entrevistado. Mas, desculpe, Bernstein é meu ídolo profissional há séculos). Aqui no Rio, o assédio se repetia. Não seria hora de parar a "caçada" ? Minha porção chacal me soprou : não!
Um músico que tinha sido convidado para animar a noite no casarão na Urca terminou fazendo dupla com Bernstein. Chama-se Lê Andrade, paulista, 34 anos, há nove radicado no Rio. Quando o improviso dos dois acabou, Andrade estava nas nuvens: "Fazer dupla com ele ! Eu nunca pensei". Assim o músico resumiu a performance de Bernstein: "Que pessoa simples! Que pessoa feliz!".
O locutor-que-vos-fala entrevistou longamente Bernstein em São Paulo (a entrevista irá ao ar nas próximas semanas num programa especial na Globonews. Avisaremos aqui). Ao fim da entrevista, satisfeito com o jogo de perguntas-e-respostas, o generoso Bernstein me fez, diante da câmera, o maior elogio que ouvi na minha vida profissional. Pensei comigo : ok, stranger, agora já posso ir morar num rancho em Santa Maria da Boa Vista.
Em seguida, me pediu meus contatos: telefone, e-mail, celular. Perguntou se eu estaria no Rio nos próximos dias. Eu disse que sim. Pensei que o gesto de Bernstein fosse apenas uma daquelas cortesias que caem no esquecimento cinco minutos depois.
Sorte minha: não foi.
Neste sábado, quando abro o computador, o que é que pisca na tela ? Um e-mail de Carl Bernstein me convidando para um jantar. Dei uma saída. Quando chego em casa, nova surpresa: um recado na secretária eletrônica. Bernstein em pessoa. Por fim, quando pego o celular,outro recado do homem. Dois recados nos telefones, dois e-mails ( ele mandaria outro). O convite já não era um convite: era uma convocação.
Fui. Ganhei outro autógrafo, em que ele chama nossa entrevista de "terrific". Brincalhão, faz uma ressalva : diz que tinha adorado a gravação da entrevista, mas quer ver como é que ela seria editada. Tranquilizo-o: pretendo usar na íntegra, sem cortes, porque em TVs a cabo, como a Globonews, os entrevistados podem falar. Ficou de me passar um endereço, porque queria receber uma cópia da fita, em casa, em Nova York. Prometo, claro, despachar uma cópia em DVD. Juro por Nossa Senhora do Perpétuo Espanto que mandarei.
Próximo assunto: falamos sobre a possível publicação no Brasil da última empreitada jornalística de Bernstein: a biografia de Hilary Clinton. Bernstein gostaria de ver lançado no Brasil o livro que acabou de lançar com fanfarras nos Estados Unidos.
Comento com a fera: uma boa data para o possível lançamento seria em meados do ano que vem, quando a campanha eleitoral americana começar a pegar fogo. O mundo inteiro acompanhará o duelo eleitoral pela sucessão de Bush. Bernstein concorda: junho é uma boa data. Lá pelas tantas, repito que ele nem de longe as "cifras" do mercado editorial brasileiro podem ser comparadas com as do mercado editorial americano. Bernstein concorda. Informa que a biografia como a de Hilary Clinton já sai com uma primeira fornada de 250 mil exemplares. Fiquei de fazer contatos (informais) com uma editora. Não sou agente literário, mas, neste caso, vale a exceção...
O espírito de repórter de Bernstein se manifesta a toda hora : em meio à recepção, ele sai perguntando aos convidados quem é que gosta e quem é que não gosta da Catedral Metropolitana do Rio. Tinha visitado a Catedral. Pelo visto, gostou. Mas ficou impressionado com a quantidade de gente que fala mal do prédio. "Você gosta da Catedral? Você gosta da Catedral", é o que repete. Depois, a cada vez que é apresentado a alguém, repete em voz alta o nome do convidado.
A uma jornalista em início de carreira, Clara Passi, que aproveitou a chance para perguntar qual seria o primeiro conselho que ele daria a um iniciante, Bernstein respondeu: "O repórter precisa saber ouvir!". Depois, aconselhou a ela que visse a entrevista que será mostrada na TV, porque ali ele dá "a explicação completa para esta pergunta".
A mulher de Berstein, uma loura altíssima, que dançou enquanto o marido tirava acordes da guitarra, disse que ele tem mania de fazer perguntas.
Pudera.
"Quando volto do supermercado, ele fica me perguntando o que é que comprei e onde fica a loja", ela diz. Informa que Hilary Clinton não aceitou dar uma entrevista para o livro que o marido estava preparando. "Carl trabalha há oito anos neste projeto. De início, Hilary disse que iria dar uma entrevista. Mas, depois que ela resolveu que iria tentar a candidatura á presidência, desistiu de falar".
Mr Bernstein não ficou a ver navios. A principal personagem do livro desistira da entrevista, mas ele levou adiante o projeto.
Passaram pelo casarão da Urca, "entre outros", o língua ferina Diogo Mainardi (uma boa chance para matar saudades de Paulo Francis), Chico Caruso, Argemiro Ferreira, o editor Geraldo Jordão e Gilberto Braga, no primeiro compromisso pós "Paraíso Tropical" ( um dia o Sopa de Tamanco terminaria publicando uma nota com jeito de coluna social....).
Aqui, imagens (precárias, aquilo não era hora de incomodar o homem de novo) de Carl Bernstein cantando "Good Night, Irene":
Informou em edição extraordinária o Plantão do Sopa de Tamanco, o primeiro com as últimas.
E você? O que é que acha da Catedral ?
ADVOGADO DO DIABO (OU TIRANDO O DOMINGO PARA ESPICAÇAR GENETONS E GARSCHAGENS)
Se letra de música não fosse poema, dever-se-ia jogar fora toda a tradição lírica da Grécia Antiga.
GRANDES VERSOS AVACHALHADOS
'AMO TANTO E DE MIANMAR, ACHO QUE ELA É POLÍCIA'
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DIÁLOGOS DE CASAL
— O planeta tá todo de cabeça pra baixo. É furacão, ciclone, tsunami, calor fora de hora, jornais sem erros de português... Tudo errado. Como é que a gente vai colocar um menino no mundo assim?
— Antes de mais nada, Geraldo, não sei se você está inteirado sobre os recentes avanços da ciência, mas pra ter filho é preciso fazer sexo. Coisa que não anda muito freqüente aqui em casa desde que você se pôs a meditar sobre o futuro da humanidade. O que é um contra-senso, porque se todo mundo se pusesse a meditar sobre o futuro da humanidade como você, a humanidade simplesmente não teria futuro. Quando menos, por absoluta falta de esperma.
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(Texto completo, aqui)
PERDENDO A VIRGINDADE
Quando soltei o último suspiro, minha parceira, romântica, me disse mais uma frase amorosa:
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— Trinta paus.
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Passei o dinheiro a ela, que o recebeu carinhosamente, cuspindo de lado e coçando um furúnculo que tinha na virilha, e desci as escadas para o térreo. Orgulhoso.
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Tinha finalmente enfrentado o rito de passagem para a idade adulta, estava apto a encarar novos desafios e a aceitar novas responsabilidades. A principal das quais seria coçar minhas partes pudendas desesperadamente, a ponto de arrancar cada fio de pentelho e esticar o saco até o pescoço, pois fiquei com uma comichão nas partes baixas que durou semanas e só passou quando me aplicaram inúmeras e traumáticas injeções de Benzetacil.
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(Texto completo, aqui)
SUTRAS DO CONDÔMINO IOGUE
— Mestre, como faço para evitar ser arrastado ao fundo do poço?
— Confira se o elevador está no andar, meu filho.
TONI MARQUES, O ZELOSO
(Direito de resposta concedido ao Sr. Marconi Leal pelo Exmo. Sr. Juiz da Primeira Vara de Pau Grande, o Sr. Dr. Pinto Longuino, de acordo com a Lei 25cm/2007)
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Diz o vulgo, apreciador de termos chulos, que a inveja é uma merda. Quanto a mim, não gosto de turpilóquios. O máximo que me permito em termos de pornofonia é falar César Maia três vezes e, ainda assim, em voz baixa, quando estou sozinho. Em suma, acho palavrão coisa de veado ou filho da puta escroto.
No entanto, não poderia me furtar de vir a público neste momento para dizer que a inveja é muito pior do que merda, senhores. Afinal, como todos sabem e o Gerald Thomas está aí para provar, merda não sabe escrever. Porém, movida por perfídias, infâmias, mentiras e diversos outros pleonasmos que uma consulta a um dicionário de sinônimos e termos afins poderia ajudar a listar aqui, a inveja é capaz de publicar vergonhosas inverdades, belazes blasfêmias e outras aliterações de igual poder destrutivo e semelhante gosto duvidoso.
Não me refiro a outra coisa senão ao post insidioso que o sr. Toni Marques escreveu ontem, no claro e proditor intuito de alvejar minha honra.
Ora, antes de mais nada, quero deixar bem claro que, conhecendo o preconceito dos cariocas contra paraíbas, mormente os baianos vindos de São Paulo e nascidos no Recife, e sabendo que visitaria o Leblon na noite da terça-feira última, me travesti de Carmem Miranda sim, mas com a evidente intenção de usar dos costumes locais, na vã tentativa de passar por um nativo. Já dizia o filósofo setecentista Vincent Matheus: “Em Roma, como os romenos”.
O que o sr. Toni Marques não diz, no entanto, é do ciúme doentio que nutre por Geneton Moraes Neto e da vida nababesca, de orgias e despudores, que leva na antiga capital da República.
Para começo de conversa, assim que entrei na Vênus Platinada ao lado do Mito, o sr. Toni Marques, doravante cognominado “o Zeloso”, parou imediatamente de dar tapinhas nas bundas das estagiárias (eis que o impudico, com a vida mansa que os anos de especulação da era Collor e um caso passageiro com Zélia Cardoso de Mello lhe proporcionaram, não precisando trabalhar, diverte-se o dia inteiro a assediar as aspirantes a jornalistas globais) e me lançou olhares rancorosos. Ficou tão tenso ao me ver em companhia de Geneton Moraes Neto que, ao ser apresentado a mim, cometeu um ato falho. Em vez do nome, disse:
— Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia. Prazer.
A devoção do sr. Toni Marques ao Mito é tal que chegou ao cúmulo de doar os próprios cabelos a ele. Sim, senhores, creiam-me: a barba de Geneton Moraes Neto nada mais é do que um implante dos pêlos da cabeça do Zeloso.
Isso, quanto ao ciúme. No que tange à vida nababesca de outstanding representante de nossa elite irresponsável, basta dizer que o sr. Toni Marques, em cujo coche particular fomos ao já alhures citado Alvaro’s, mantém a sua disposição vassalos de libré e perucas importadas de Versalhes — segundo consta, o preço das mesmas são de fazer um rei perder a cabeça. Ele próprio cultiva um bigodinho à Luís XIV e usa anéis de ouro em tal profusão que fariam a alíquota do quinto parecer a da CPMF.
Na famosa noite em que fomos ao Alvaro’s, vestido de seda marroquina dos pés à cabeça e acendendo cigarros búlgaros em notas de euro, enquanto chupitava seu absinto com um torrão de açúcar derretido por uma pedra de gelo sobre uma colher perfurada, fazia de um dos escravos supedâneo e distribuía, entre um gole e outro, jatos de urina pelos pés dos garçons.
Dono de uma erudição maior que a de Paulo Francis ou, se quiserem, de um Paulo Francis que checasse as citações antes de publicá-las, o sr. Toni Marques passou a noite inteira declamando Baudelaire, Blake, Pushkin e Lorca, de memória e no original, estendendo o copo para o alto, com o olhar perdido no infinito, voz de barítono e coçando o saco com a mão livre, posto que seu hedonismo o fez contrair chatos de tal envergadura como só se vira antes na Idade da Pedra.
Minto mais, digo, muito mais ainda poderia declarar sobre a nefasta figura do sr. Toni Marques. Mas me calo por respeito. Por isso e também porque ele me deu uma grana, além de informações privilegiadas sobre a Bolsa.
Caso duvidem da minha versão, perguntem ao Mito. E ele próprio, imácula temunha ocular da história que é, poderá confirmá-la.
29 de setembro de 2007
Aviso os leitores - O encontro da Lenda e do Mito
Confesso ter testemunhado o encontro dos comensais beletristas Geneton Moraes Neto, doravante denominado Mito, e Marconi Leal, doravante chamado Lenda.
Lenda e Mito jantaram juntos, e, meninos, eu vi.
Mito estava impecável, como é de seu feitio: o cachimbo de madrepérola, o foulard com estampas stalinistas, o robe de cetim de Burma a esconder a proverbial musculatura em mangas de camisa, as calças ao melhor estilo gaúcho, as chinelas do ursinho Puff - tudo era de uma harmonia que me fez escrever sonetos em forma de SMS, disparados para a Polícia Federal, que porém se recusou a participar do convescote.
Lenda, por seu turno, não poderia ter sido mais feliz. Jamais estivera em São Sebastião do Rio de Janeiro. Talvez por isto tenha preferido trajar-se de Carmem Miranda, o que entusiasmou alguns circunstantes, a ponto de eu ter tido muito trabalho para convencer os operosos emissários do hospital Pinel de que tudo não passava de uma micareta intelectual.
A troca de gentilezas teve a intensidade de um judô de grávidas.
A sofreguidão com que Mito e Lenda devoraram vetustas receitas do Alvaro's - restaurante milenar do Leblon, milenar se levada em conta a Idade Média de seus freqüentadores - faria Josué de Castro esbofetear faquires.
O olhar retinto dos camarões ali sorvidos me assombrava. Era acusador.
As repetidas idas ao banheiro trouxeram um refrescante clima de Teatro do Oprimido ao ambiente.
As audaciosas observações atiradas ao ar provocaram náuseas sartreanas no comitê de garçons escalados para cuidar de Lenda e Mito. Consta que dois se demitiram.
Foi uma noite memorável.
Lembro-me da dificuldade de divisar a despedida aliterativa: meu caro e amacordiano Marconi, generoso Geneton, um jeton de pessoa!
Meus olhos estavam nublados, não de estupor, mas por causa da névoa formada pela garbosa exaustão da cozinha do referido estabelecimento.
Por isto chorei copiosamente, e não por causa do chope assaz aguado, como queriam alguns dos detratores do Mito e da Lenda que se aglomeraram na esquina do Alvaro's assim que correu a notícia - pelas ruas que um dia avacalharão Manoel Carlos - desse encontro de titãs pernambucanos.
Agora, contrito, deixo as duas centenas de leitores do SDT com tais teasers.
Passarei dias tentando me certificar da suposta capacidade narrativa que venha a recriar, à maneira do Cirque de Soleil e de Tereza Cruvinel, um encontro que não se via desde o casamento dos então futuros pais de Madeleine.
Só assim virá a determinação de registrar o gênio vivo.
Ou virá o abandono completo da tolice que seria gravar para sempre impressões de tamanha e utópica reunião.
Da série 'Comigo ninguém iPod'
- Hein?
DOM PEDRO II, POETA MODERNISTA ANTES DO MODERNISMO...
O verso modernista de Dom Pedro II :"Grande, como é grande a Ilha Grande".
Paulo Francis nota que, na época, o verso foi tido como estúpido, mas "é puro modernismo".
Aqui:
http://soaressilva.wunderblogs.com/archives/023272.html#more
Sutras do condômino iogue
- É aquilo que vai acontecer aos poodles da Dona Isaurinha do 21 do bloco 2, já, já.
Exclusivo: Marconi não viu a Fábrica de Genetons
A Fábrica de Genetons.
Engendra-se na casamata número um da TV aberta um laboratório capaz de reproduzir Genetons em cativeiro. Aquele porte altivo, aquela inteligência de enxadrista aeroespacial, aquela barba grisalha como as noites enluaradas do Recife - sim, amigos, a clonagem humana já é uma realidade no Brasil.
Todas as inumeráveis qualidades do jornalista Geneton Moraes Neto estão sendo copiadas no subsolo da sala que ele divide com o neto de Mengele, o sobrinho bastardo de Che Guevara, os herdeiros cariocas de Elvis Presley e um punhado de editorialistas desempregados que se refugiaram na cadeira ao lado.
Em breve, muito breve, milhões de estudantes de jornalismo acreditarão que Geneton Moraes Neto tem o dom da ubiqüidade - hoje está simultaneamente em Casablanca, na Casa Amarela, na Casa Branca e na casinha.
Tsk, tsk.
Na verdade, seus clones é que estarão distribuindo entrevistas bombásticas pelo mundo.
28 de setembro de 2007
DA IMPORTÂNCIA DA ARTE
Suor escorria da minha testa, o coração disparava, os minutos iam se passando e nada. Repassei de memória todas as edições da Playboy na década de 80 até então, pensei em colegas de classe, professoras, em Capitu, She-Ha e até na Emília do Sítio do Picapau Amarelo. A certa altura, esgotada a galeria de imagens femininas, dei a batalha como irremediavelmente perdida.
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E é aqui que digo a vocês, leitores ignaros e sem cultura: como já afirmava Anísio Teixeira, a arte salva o homem. No meu caso específico, foi a arte cinematográfica. Mais exatamente, uma cena do filme “Rio Babilônia” em que Denise Dumont está nua na piscina.
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(Texto completo, aqui)
GENETON: O HOMEM, O MITO
Terça-feira estive na Globo do Rio e voltei para São Paulo verdadeiramente “incrível”, como se diz no Recife. Eis que durante todos esses anos acreditava estar o dr. Roberto Marinho por trás dos eventos históricos mais importantes de nosso país. Mas descobri, boquiaberto, que dr. Roberto era apenas um testa-de-ferro. O verdadeiro comandante dos destinos nacionais se chama Geneton Moraes Neto.
Na entrada da TV Globo, no Jardim Botânico, uma imensa estátua de Geneton foi erguida. Ali, estudantes de jornalismo de todo o Brasil vêm em peregrinação e, silenciosos e respeitosos, com lencinhos Kleenex nas mãos, permanecem fitando a imagem do mestre, eventualmente deixando cair um fio de baba.
Ao entrar com o Geneton de carne e osso no prédio, pude perceber os olhares extasiados dos funcionários à sua passagem. Faxineiras pedindo autógrafos, porteiros querendo arrancar um fio de cabelo do mito.
Mas o verdadeiramente impressionante foi ouvir, assim que Geneton cruzou a porta de vidro que dá acesso à redação do Fantástico, longas fanfarras, enquanto um tapete vermelho lhe era cuidadosamente estendido.
Ao vê-lo, Glória Maria imediatamente gritou, abanando os braços, como se diante de Leonardo DiCaprio: “É ele, gentche! É ele! Ai, gentche, é ele!”. Repórteres antigos da Vênus Platinada faziam uma reverência com a cabeça. Outros, se ajoelhavam.
Toni Marques, que trabalha com Geneton e estava presente, pode confirmar tudo. Ali dentro, ouvi declarações escabrosas sobre a atuação de Geneton na formulação das diretrizes políticas da empresa. Só para se ter uma idéia, escutei à boca miúda, de fonte confiável, ter sido aquele debate Lula x Collor de 1989 — que, segundo se diz, influiu na eleição deste último para presidente da República — editado por ninguém menos que Geneton Moraes Neto.
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Isso e muitas outras coisas me foram reveladas, coisas capazes de fazer Ulysses Guimarães retornar do fundo das águas. Mas, mais não digo, por temer represálias.
HOJE, COMO ONTEM
PERGUNTA: A poesia brasileira hoje é ruim, segundo o senhor diz. De quem é a culpa?
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RESPOSTA: A culpa não é de ninguém. Os tempos estão ruins. É um fenômeno universal, uma espécie de deterioração dos conceitos e do sentimento estético. Em qualquer país do mundo é a mesma porcaria! E não só em poesia como em literatura em geral, nas artes plásticas e até na música. É uma cacofonia de sons que não me parece que seja uma coisa agradável ao ouvido ou à vista. É um fenômeno universal, porque, com a massificação dos meios de comunicação, tudo ficou igual no mundo inteiro.
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(Carlos Drummond de Andrade, no livro "Dossiê Drummond", de Geneton Moraes Neto. Imperdível.)
BOCA PRA QUE TE QUERO
Sem dúvida, a novel utilizava o maxilar com tanta perícia quanto Cícero. No entanto, os helenos não encontraram mais empecilhos para conquistar o Ílio do que a dita senhorita na tentativa de recompor minha virilidade. Tanto assim que, após aquele dia, a expressão “gastar saliva” ganhou uma conotação inteiramente nova aos meus ouvidos.
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(Texto completo, aqui)
NOTÍCIAS DA "MARATONA BERNSTEIN": UM DIA NO ENCALÇO DO REPÓRTER QUE DERRUBOU UM PRESIDENTE
Tive esta semana o privilégio de ouvir um dos meus ídolos profissionais ( meu e da torcida do Flamengo) : Carl Bernstein, o repórter que, em parceria com Bob Woodward, investigou o Escândalo de Watergate. Fazia anos que eu esperava por uma chance de entrevistá-lo.
Aos recém-nascidos: a dupla Bernstein-Woodward provou que o governo do presidente americano Richard Nixon estava envolvido em operações de espionagem de adversários políticos. Tudo começou quando um bando de mercenários arrombou um escritório do Partido Democrata, no Edifício Watergate, em Washington. O caso parecia, à primeira vista, uma mera escaramuça de gatunos sem importância.
Mas a persistência dos dois repórteres - que de início nem foram levados a sério - terminou expondo o fio da meada. Resultado: a crise provocada pelo chamado Escândalo Watergate adquiriu proporções bíblicas. Nunca na história americana um presidente tinha renunciado. Richard Nixon renunciou.
Bernstein e Woodward se transformaram em ídolos. Não era para menos.
Em apenas vinte e quatro meses, a vida dos dois virou de cabeça para baixo. Um perfil de Bernstein publicado nos Estados Unidos resume bem o que aconteceu : em dois anos, ele saltou da condição de "repórter de cidade" para o de super-celebridade. Uma cena ilustra a mudança de status : Dustin Hoffmann passou a frequentar a redação do Washington Post, para observar os trejeitos do repórter. Logo depois, o super-ator encarnou Carl Bernstein no (emocionante) filme "Todos os Homens do Presidente".
Ouvi Carl Bernstein três vezes esta semana em São Paulo - primeiro, numa conferência na Câmara Americana de Comércio; em seguida, numa coletiva; por fim, numa longa entrevista exclusiva.
Lá pelas tantas, ao falar do nível da imprensa, ele perguntou quantos na platéia tinham ouvido falar de Paris Hilton, a patricinha débil mental que virou "celebridade" apenas por ser "celebridade". Nunca fez nada de notável na vida.
A maioria dos ouvintes levantou a mão. É óbvio que a maioria conhecia a idiota.
Bernstein foi irônico: nem havia o que comentar. A imprensa criou um monstro.
Em seguida, o repórter fez uma nova pesquisa informal. Quantos ali na platéia achavam correta a intervenção americana no Iraque ? Somente um Cristo levantou a mão. Berstein acha que a administração Bush é "a mais desastrosa da história americana moderna". Os Estados Unidos vão demorar décadas para se recuperar. O super-repórter diz que o ataque ao Afeganistão pode ter sido um golpe contra o terror. Mas a invasão do Iraque, não. "O Iraque era um estado totalitário. Não era um estado terrorista".
Em breve, detalhes da minha Maratona Bernstein, o ídolo de todo repórter que se preze.
SOBRE JORNALISMOS E JORNALISTAS - 2
Depois de observar durante três décadas e meia os movimentos das mandíbulas dos seres bípedes que povoam as redações, posso declarar em cartório, com firma reconhecida, o seguinte: não há meio termo; só existem dois tipos de jornalistas. Os ruins - que, diante de uma boa história, perguntam : mas por que publicar ? E os bons - que preferem sempre perguntar: e por que não ?
Os primeiros são maioria esmagadora.
Feita esta constatação, fecho a cortina, apago a luz do meu teatro mambembe, caminho por entre poltronas vazias e pego a direção da rua:
é lá que estão as grandes histórias, os grandes personagens, as grandes vitórias e os grandes fracassos que, em tese, deveriam alimentar o jornalismo.
Em tese.
DESCOBERTO O GRANDE INIMIGO DA NOTÍCIA! É ELE, O JORNALISTA!
Jornalista: o grande, o irremovível, o intransigente, o impermeável, o indiscutível, o plenipotenciário inimigo da notícia.
Parece uma frase para impressionar leigos,mas é a mais cristalina verdade:
o maior inimigo da notícia é o jornalista, sim!
É este o motivo que leva jornais,revistas e programas de TV a padecerem de chatice congênita.
Há exceções, claro. Mas quem já passou quinze minutos numa redação sabe que "jornalista" tido como eficiente não é aquele que reúne o melhor de suas forças para levar ao público histórias, cenas e personagens interessantes. Não ! Claro que não! "Jornalista" de verdade é aquele que passa vinte e três horas por dia procurando um motivo para NÃO publicar uma história. Vive com uma espingarda imaginária nas mãos, pronto para disparar um petardo que ferirá de morte a primeira história interessante que passar pela frente.
As crianças não acreditarão, mas é exatamente assim que as redações funcionam.
"Jornalista" cria uma escala de valores absurda - que só existe na cabeça de jornalistas - para exterminar reportagens : "não vale", "não é nova", "já saiu em outro jornal", "qual é o gancho ?".
O "jornalista" acha que o leitor ou telespectador é um maníaco que lê todos os jornais, todas as revistas e vê todos os programas. Basta que uma história qualquer - por melhor que seja - saia na página dezoito de um jornal "concorrente". Pronto. Acabou. Deve ser solenemente ignorada. O resultado? A história é abatida a tiros ali, antes de nascer. O leitor ( ou telespectador) fica a ver navios.
Em resumo: o maior pecado do jornalista é fazer jornal ( ou revista ou TV) para jornalista. Não para o leitor ou telespectador. O resultado ? A epidemia de chatice jornalística que se espalha, feito metástase.
Uma reportagem só chega às mãos do leitor - ou aos olhos e ouvidos do telespectador - depois de enfrentar uma terrível, desgastante e patética corrida de obstáculos dentro das redações. Quando, finalmente, chega a público, exibe a aparência de um bicho ferido, maltratado, destroçado pelas garras dos exterminadores de matérias.
Com um atraso de três décadas e meia, faço uma oração para Nossa Senhora do Espanto e constato : não, esta não é minha tribo.
Procuro uma atividade mais útil : que tal - por exemplo - fiscal de animais de grande porte ? ( diz a lenda que existia este cargo na folha de pagamentos de uma prefeitura pernambucana). Ou observador de aviões em trânsito ? Ou, quem sabe, fabricante de bolhas de sabão.
Fiquei de pensar.
"MIANMAR" É NOME DE CINEMA, NÃO DE PAÍS!
Ivan Lessa pergunta por que mudam os nomes dos países:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070928_ivanlessa_tp.shtml
BOA DE BOCA
Ela então soltou um suspiro de enfaro, próprio das cocotes. Em seguida, tratou de tentar reanimar meu aparelho reprodutor. E a verdade é que, se o ditado está certo ao afirmar que quem tem boca vai a Roma, aquela mulher certamente já deu pelo menos cinco voltas em torno do globo.
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(Texto completo, aqui)
27 de setembro de 2007
A MOÇA DIFÍCIL ATACA NOVAMENTE: SINÉAD O´CONNOR. E A CANÇÃO É BONITA
Sinéad O´Connor deve ser "difícil". Quando rasgou uma foto do Papa João Paulo II num palco, despertou iras. Há três anos, anunciou que iria encerrar a carreira. Fez um pedido numa carta aberta: se alguém a visse na rua, por favor: que não apontasse para ela, não dissesse "hei, lá vai Sinead O´Connor", não pedisse autógrafo, não tirasse fotos. Porque ela queria apenas levar uma vida banal como a de noventa e nove por cento dos outros viventes. Mas parece que ela não aguentou a distância dos palcos. Resolveu voltar aos estúdios. As músicas - surpresa! - trazem um tom de devoção religiosa. Justiça se faça : a moça difícil sabe fazer melodias bonitas. E letras também.
Título (bíblico) da música: "Dark Am I Yet Lovely"
Sinéad, o palco é vosso:
Comunicados da Presidência do Senado
BRABO
O Jornal do Brasil anunciou ontem, em manchete: um militar envolvido na Guerrilha do Araguaia disse que receberá "à bala" algum emissário que queira saber onde foram enterrados os corpos dos guerrilheiros sumidos.
O bicho é brabo.
SENADO 1 X 0 CIRCO
A TV é diversão garantida para todas as idades.
Basta sintonizar a TV Senado transmitindo uma sessão.
Com uma ou outra exceção, circo perde.
Sutras do condômino iogue
- A felicidade é o meio-termo da vida polarizada pelo suicídio e pela Mega-Sena.
26 de setembro de 2007
O CURTO PRAZO DE MANGABEIRA
A TANZÂNIA EXPLICA
UMA MALVINAS PARA O CORONEL
QUE PRIMAVERA DESIGUAL
ADMIRÁVEL NOVO MUNDO ANIMAL
psoroptídeos corruptus deverá surpreender os experimentados pesquisadores da missão científica.
Interpretando expressões comuns
Você tem a mente aberta — você concorda comigo.
Abra sua mente — passe a pensar exatamente como eu. (Recomendo responder abra você a sua.)
Ele é uma pessoa esclarecida — ele pensa exatamente como eu.
Forças populares — nós mesmos.
Demandas sociais — os objetivos do nosso partido. O mesmo que anseios da sociedade.
XXX é um patrimônio do povo brasileiro — alguns políticos e burocratas desejam enriquecer com XXX.
(O restante você lê aqui.)
25 de setembro de 2007
TERMINA A ELEIÇÃO DOS CHATONILDOS CANTANTES
Já saiu o resultado da votação para eleger os Malas da Música. O campeão foi Oswaldo Montenegro. O troféu de vice ficou com Ana Carolina.
A lista completa:
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/nelson/
NOVO FENÔMENO: A INGLATERRA É UMA ILHA CERCADA DE POLONESES POR TODOS OS LADOS ( MAS AGORA O GOVERNO POLONÊS QUER QUE ELES VOLTEM PARA CASA)
Ivan Lessa fala de um fenômeno facilmente observável por quem passa por Londres: a invasão maciça de poloneses.
Aqui:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070924_ivanlessa_tp.shtml
A Imperatriz da Barbárie
(mais? você sabe onde encontrar)
PERHAPS LOVE IS LIKE THE OCEAN
Bem dizem os sábios, os filósofos e tantos outros que não obedecem ao regime da CLT e têm tempo suficiente para elucubrações: o amor nos transporta a lugares imaginários.
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Apesar de até hoje não ter a mínima idéia do significado da palavra “elucubração”, constatei, no entanto, ser isso verdade ao entrar no quarto: tais eram as dimensões do mesmo que pensei estar em Liliput.
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Tanto assim que, inexperiente em coisas do amor, tão-logo atravessei o umbral da porta, minha primeira impressão foi a de que se o sexo era geralmente feito na posição horizontal, isso se dava simplesmente para que nenhum dos amantes metesse a cabeça no teto.
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(Texto completo, aqui)
24 de setembro de 2007
Sinto o medo indo embora
Mas é preciso chegar a um ponto em que eu confie nos amigos também e não tema perder a amizade por causa de uma opinião controversa.
Enquanto isso não acontece, sigo me omitindo. Me sinto meio desonesto, mas é o que é possível fazer agora.
LIberdade? Eu não conheço esta palavra. Você? Quem se acha livre é porque jamais parou para pensar no quanto mente e omite para se sentir um ser social.
Eu quase chorei vendo isso daqui
Ah, como estamos longe de algo remotamente parecido. Se W. Bonner tive um mínimo de coragem, ao anunciar a absolvição de Renan, mais esta mácula nacional, faria o mesmo que Mika.
Mas, não. Jornalista brasileiro se leva a sério demais. Acha que está fazendo a coisa mais importante do mundo noticiando as coisas mais canhestras do mundo.
No fundo, a falta de HONRA de alguns jornalistas é somente mais um reflexo da crise moral que se abate sobre nós, brasileiros. Ou você acha que, hoje em dia, alguém é capaz de olhar para o patrão e dizer: "Me desculpe, mas eu não vou fazer ISSO".
Tava lendo Joaquim Nabuco e suas pérolas sobre a escravidão. O tal do Mercado são os novos grilhões. O capitalismo à brasileira descobriu um novo modo de produção: o medo.
(Que, não nego, também me contaminou).
O QUE NOS ESPERA
— Isso é como falar português pra mim. Que danado é filosofia e letratura, Matilde?
— Literatura. Aí cê me pegou. Só sei que eram umas disciplinas da antiga faculdade de Humanas.
— Nunca ouvi falar dessa faculdade. Ficava perto da Uninove?
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(Texto completo, aqui)
SAI UMA NOVA PESQUISA DO DATASOPA
LIRISMO
Ela se sentou ao meu lado. Eu tentei me fixar nos pontos positivos de sua anatomia. Por exemplo, era inegável que ela possuía traços humanóides. Além disso, seu olhar tinha algo de poético que não consegui identificar de imediato, mas após alguns minutos descobri. Era caolha, como Camões.
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(Texto completo, aqui)
DA BELEZA FEMININA
Só então tivemos oportunidade de analisar detidamente as mulheres e percebermos que, de fato, Ogberto não havia mentido ao descrevê-las. Pelo menos no que respeitava à idade, eram realmente todas de primeira. No caso, primeira Era Glacial.
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(Texto completo, aqui)
HOJE, COMO ONTEM (1)
"Perguntei-lhe em seguida a que atribuía a decadência das belas-artes em nosso século, sobretudo a pintura, que desapareceu sem deixar o mínimo traço. (...) não ousamos sequer nos elevar ao conhecimento das artes inventadas antes de nós. Soberbos detratores da Antiguidade, professamos apenas a ciência do vício, da qual nos fornecem simultaneamente o exemplo e a lição".
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("Satiricon", Petrônio, século I d.C. Tradução de Marcos Santarrita)
HOJE, COMO ONTEM (2)
" (...) quem se ocupa apenas em juntar riquezas quer persuadir a todos de que seu ouro é o bem supremo. Podem enaltecer à vontade os homens de letras, dizem eles então, contanto que, no conceito público, à frente deles estejam os homens de dinheiro".
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("Satiricon", Petrônio, século I d.C. Tradução de Marcos Santarrita)
HOJE, COMO ONTEM (3)
" (...) nosso atual edil é um homem de nada, que venderia nossa vida por qualquer ninharia (...) ele ganha por dia o que as pessoas não conseguem amealhar a vida inteira. Mas, se tivéssemos sangue nas veias, as coisas não continuariam desse modo. Acontece que nosso povo, hoje em dia, não passa disso: em casa, são bravos como leões; na rua, covardes como ovelhas".
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("Satiricon", Petrônio, século I d.C. Tradução de Marcos Santarrita)
23 de setembro de 2007
CANALHAS !
Meio-dia. É hora de cumprir o dever diário: chamar de canalhas os senadores que fizeram aquela palhaçada em Brasília ( e os que, fora do Senado, tentam vergonhosamente justificar a presepada).
"Canalhas!".
Ok. Missão cumprida.
MÍMICA : UM PASPALHO FAZENDO GESTOS IDIOTAS COM UMA EXPRESSÃO INVARIAVELMENTE ABOBALHADA
O mímimo mais famoso do mundo morreu. Que a terra lhe seja leve.
Mas é tentador perguntar: pode existir coisa mais chata do que mímica ? A arte da mímica resume-se ao seguinte: um paspalho fica em cima do palco fazendo gestos idiotas com uma expressão invariavelmente abobalhada.
Pergunta-se: se as cordas vocais estão funcionando, por que ele não fala logo, em vez de ficar esperando que a platéia adivinhe o que ele quer dizer ? O pior é que o paspalho ( ou a paspalha) acha que a platéia deve rir de tal cena.
É insuportável.
A mímica emplacaria qualquer lista das coisas mais chatas do Planeta Terra. Mas, justiça se faça, há outros concorrentes de peso.
Cirque du Soleil, por exemplo.
Cruz credo.
Por falar no campeonato mundial de chatices : o Sopa de Tamanco recomenda uma visita ao blog de Nelson Vasconcelos e Mirelle de França, no Globo On Line, onde faz sucesso uma votação democrática para escolher os campeões da chatice musical:
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/nelson/
A eleição foi deflagrada, indiretamente, por um post do Sopa de Tamanco que perguntava: pode existir na face da terra música mais chata do que "Ne Me Quitte Pas" ?
Pela reação dos blogueiros, pode.
A lista é infinita.
22 de setembro de 2007
Sugestões para adoção
MPBF (MÚSICA POPULAR BRASILEIRA DO FUTURO)
— Você não vai acreditar! Sabe quem é ele? O Otonielson Jr.!
— Otonielson Jr.? O compositor? Aquele que fez aquela música: “A, B, C”? (cantando) “A, B, C. C, B, A. A,C, B. B, A, C”...
— Ele mesmo! Tá estourando nas paradas de sucesso e tem sido muito elogiado pelos críticos da APCA depois que compôs a primeira música com um único acorde da história.
— Aquela que faz tum-tam-tem?
— Não, ele não é compositor clássico, Regina. A música faz “tum”. Só “tum”. Um “tum” lindo, por sinal.
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(Texto completo, aqui)
CADÊ A GUARDA SUÍÇA - QUE NÃO CHEGA ?
O governador do Rio foi ao Vaticano pedir ao Papa paz no Rio.
Já se passaram três dias. E nada de a Guarda Suíça subir o Morro do Alemão.
O Sopa de Tamanco vai esperar até amanhã para ver.
DEVER DE CASA : UM GRITO PARA OS SENADORES CANALHAS
Onze da manhã. O dever de casa precisa ser cumprido também aos sábados, domingos e feriados: pelo menos uma vez por dia, todos devem chamar de canalhas os senadores calhordas que encenaram aquela palhaçada em Brasília. Absolveram o presidente do Senado - que recebia dinheiro de lobista de empreiteira.
Todos numa só voz: canalhas !
Missão cumprida. O sábado já pode seguir.
Na parada de sucesso desde os 70
Vacina mais promissora contra o HIV é considerada ineficaz.
Vamos deixar em paz Francis Drake
Vende-se um escravo, em bom estado...
O fim das vitrines da corrupção
Meditando na encosta do Himalaia
21 de setembro de 2007
PAÍS DO FUTURO
— Ai, tô tão orguhosa da Lucinha, nem te falo!
— Eu imagino. Que se pode esperar de nossas filhas senão que transem com um sujeito rico e famoso? Eu é que não dou sorte. A Ana Amélia só fica com gente de estudo.
— Mas eu também tô meio nervosa. Não sei se é um relacionamento desses duradouros, que chegam a uma, até duas semanas, sabe?
— Mas por quê?
— Ah, o nível dele é muito alto pra Lucinha.
— Financeiro?
— Intelectual. Imagine que ele acabou de completar dez anos e já tem um vocabulário de trinta e cinco palavras!
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(Texto completo, aqui)
PAREM OS SERVIDORES!
Neste momento, há uma fila de emissários de Nelson Tanure na porta do SDT, tentando abrir caminho, a cotoveladas, por entre advogados de Salvatore Cacciola e de Marcos Valério e oficiais do Bope.
Conforme o rumo das negociações, a crise de audiência do SDT haverá de ter fim.
É como dizia a oposição em 2006: agora vai!
CONVERSA DE MÃES NUM FUTURO NÃO MUITO DISTANTE
— Te liguei pra dizer que a Lucinha tá ficando.
— Mentira! Também, cá pra nós, já não era sem tempo. Ela já tá com o quê? Sete anos?
— Seis. Ontem eles vieram fazer sexo aqui em casa.
— E aí? Você aprovou o rapaz?
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(Texto completo, aqui)
NINGUÉM MERECE
Não, não e não. Apesar dos insistentes pedidos dos leitores, quero dizer que este SDT não vai publicar aqui o vídeo feito por Toni Marques — na mesma ocasião em que Paulo Polzonoff Jr. tirou a roupa — em que Geneton Moraes Neto, vestido de Donna Summer e com um copo de uísque paraguaio equilibrado sobre a cabeça, canta "Ne me quitte pas". Mesmo a luta para aumentar a audiência tem seus limites.
SUGESTÃO
Para enfrentar a crise de audiência sem precedentes por que este Sopa passa, minha sugestão é a imediata postagem das fotos do strip-tease feito semana passada por Paulo Polzonoff Jr. na redação, em noite regada a vinho goiano e uísque paraguaio. Ocasião em que finalmente nosso bravo correspondente do Campo Belo mostrou o seu cotoco.
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Mais sugestões na caixa de comentário, por favor, ou numa postagem perto de você.
Empobrecedor instantâneo
Se carros e bicicletas enferrujados desanimam ladrões, chegou a falsa ferrugem, um empobrecedor instantâneo em forma de adesivo.
Criação de Dominic Wilcox.
Dada a sustentável popularidade do presidente do nosso querido Brasil, Dominic poderia pensar em adesivos empobrecedores instantâneos para a pele, que tornasse toda potencial vítima de violência parecida com o nosso querido presidente.
Cuidado: o mundo está virando uma grande Documenta
Maginou esse tipo de arte adaptado para o nosso querido São Sebanistão? Se ela subisse fardada de Bope e...
Entrementes, um sujeito urina numa mulher que cai na rua - ela estava prestes a morrer, como de fato morreu, falência do pâncreas - para, celular em punho, imortalizar o gesto no YouTube.
DEVER CÍVICO DE TODO CIDADÃO HONESTO
Vai dar uma da tarde. Já chamou de canalhas os senadores que encenaram aquela palhaçada inominável na semana passada ?
Ainda é tempo: canalhas !
Pronto. A tarde já pode começar.
"NE ME QUITTE PAS" É O SUPRA-SUMO DA CHATICE. E O SOPADETAMANCO PROVOCA MAREMOTO MUSICAL
Uma pergunta fora de época e desimportante lançada pelo Sopa de Tamanco ( "pode existir na face da terra música mais chata que Ne Me Quitte Pas ?") ecoou no Globo on Line, no blog do bravo companheiro Nelson Vasconcelos, frequentador destas plagas tamanqueiras. O Sopa de Tamanco "repercute" de novo na rua Irineu Marinho! Um dia, o Sopa chegará ao New York Times. É uma questão de tempo.
A partir da pergunta sobre a chatice imbatível de Ne Me Quitte Pas, Nelson Vasconcelos convocou os leitores a fazer a Grande Lista da Chatice. Sucesso total ! Tambores rufando ! Cortinas se abrindo. Estão todos convidados a participar da eleição. Vão,mas voltem correndo, porque o Sopa de Tamanco enfrenta uma crise de audiência sem precedentes. Cabeças vão rolar. Uma junta de veterinários já foi convocada para analisar o cérebro dos tamanqueiros.
Eis a primeira lista da chatice musical, feita pelos leitores:
/http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/nelson/
Grandes frases avacalhadas
NOVOS TEMPOS
— Menina, nem te conto! Uma bomba!
— Não me diga que o Pedro veio com aquela história de amor de novo?
— Não, que nada. Ele já esqueceu isso. Depois de todos esses anos, vir falar de um relacionamento baseado em sentimentos era demais pra mim! Ele agora tá é com mania de casamento.
— Casamento? Que é isso?
— Não sei, mas deve envolver algum tipo de prática sexual heterodoxa, como enfiar o pênis na vagina ou coisa parecida.
— Eca!
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(Texto completo, aqui)
RAPIDEZ
— Moça, minha vida tem sido um inferno, eu tenho centenas de faunos pra sustentar... A senhora não entende! Me dê uma chance, por favor!
— Bom... Deixa ver... O senhor disse que sabe voar?
— Sim, sei. Olha aí...
— Tudo bem, tudo bem, já vi. E é rápido mesmo?
— Mais que um deputado desviando verba do orçamento.
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(Texto completo, aqui)
DEUS REVOLTADO
— Deixa essa porcaria como tá! Chega! Mas tu me paga, anjo safado! Ah, tu me paga!
— Nã-não, Senhor! Por favor! O Senhor vai me mandar pro Inferno?!
— Pior. Vou mandar você e os outros pro Brasil!
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(Texto completo, aqui)
20 de setembro de 2007
DEMOCRACIA JÁ !
O Brasil só será uma democracia plena no dia em que todo e qualquer cidadão maior de doze anos de idade puder dar voz de prisão a jornalistas que provam uma comida, encaram a câmera com olhar lânguido e dizem "hum....que delícia!" ....
AONDE VAMOS?
— Não minta, seu calhorda. O único dinheiro que o senhor recebeu foi fruto do seu trabalho como administrador, um trabalho repugnante, que respeitou os limites fiscais, executou integralmente o orçamento e ainda investiu os percentuais obrigatórios em saúde e educação.
— Construí um posto de saúde básico e uma escola bem pequena, deputado, nada de mais...
— Ah, então confessa? E ainda fez isso com recursos próprios, sem endividar o município junto aos órgãos internacionais! Que absurdo. O senhor me enoja. É por conta de gente assim que o país não vai pra frente. A verdade, prefeito, é esta: o senhor não passa de um honesto!
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(Texto completo, aqui)
GRANDES DEPOIMENTOS (4)
'EM RENAN EU ACREDITO. NÃO ACREDITO É QUE EXISTAM SERES DE QUATRO PATAS, DOIS CHIFRES E QUE FAÇAM "MU"'
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A Brasília de cada um
- O que está em jogo é o futuro das instituições democráticas. Dá licença.
DAS BELEZAS DA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Pensava assim, intrigado, quando me chegou o seguinte e-mail: “Voltér. Chuva, sol, ventofogo. ar. air. bombas. Sob minha posse está. Vou ter. Vou-te, r. Vovô Tê. Bolaquadrado no triângulo, vírgulas. Sim, o filósofo comigo. Pedrafolha. Chã-chão tronco, jamais. Exijo: recompensa. As mordaças da primavera no inverno outonal são tristes”.
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Não veio assinado, mas pela beleza do estilo, pela pontuação eficaz, pelo sagaz uso de neologismos, pelos trocadilhos inteligentes, pela imensa capacidade de expressão, pela criatividade, pelo caráter inovador do texto, logo me dei conta de que o seqüestrador é algum escritor brasileiro da atualidade.
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(Texto completo, aqui)
CADA QUAL COM SEU INFERNO
Mais encarniçado que Laerte, voltei para a sala a perseguir o infeliz inseto que, covarde e sub-repticiamente, tentava se esgueirar por entre os móveis, para evitar o confronto final, que fatalmente o mandaria para o inferno dos bichos nojentos e asquerosos, para onde vão igualmente depois de mortos os políticos e os apresentadores de programas de auditório.
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(Texto completo, aqui)
A mentira agrada mais do que a verdade?
Anatole France, em A vida em flor, disse que, "sem a mentira, a humanidade pereceria de desespero e de tédio". Renan, bom moço que é, leva o aforismo às últimas conseqüências, com receio, talvez, de fazer o Senado perecer em desespero e tédio. Compreensível. Renan dá a mão, sem saber, a Rosseau, o pai do totalitarismo político, para quem "proferir afirmações falsas só é mentir quando existe intenção de enganar, e mesmo essa intenção, longe de se aliar sempre a de prejudicar, tem por vezes um objetivo oposto". Mas o mesmo Rosseau advertia a dificuldade e raridade de uma mentira ser perfeitamente inocente. É o caso, é o caso.
Camões é poeta, Chico Buarque não. Tolentino é poeta, Noel Rosa não
Aí em cima, o poeta Bruno Tolentino
Para demonstrar o que é e o que não é poesia é facílimo. Olha só:
Camões é poeta:
Os Lusíadas - Canto VIII
“Se César, se Alexandre Rei, tiveram
Tão pequeno poder, tão pouca gente,
Contra tantos inimigos quantos eram
Os que desbaratava este excelente,
Não creias que seus nomes se estenderam
Com glórias imortais tão largamente;
Mas deixa os feitos seus inexplicáveis,
Vê que os de seus vassalos são notáveis.13
“Este que vês olhar com gesto irado
Para o rompido aluno mal sofrido,
Dizendo-lhe que o exército espalhado
Recolha, e torne ao campo defendido;
Torna o moço do velho acompanhado,
Que vencedor o torna de vencido:
Egas Moniz se chama o forte velho,
Para leais vassalos claro espelho.
Noel Rosa não é poeta:
Filosofia
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Bruno Tolentino é poeta:
O mundo como idéia
1
Canto, filho da luz da zona ardente,
coisas que vi a luz, sempre estrangeira,
tecer no ar e inevitavelmente
ir baixando com modos de redeira
ao tear deste mundo. A vida inteira
vi me escapar a luz do sol cadente,
e é essa rosa de sangue na fogueira
que agora arranco às dúvidas da mente.
Mente o intelecto que se esquece dela.
Se a pura luz de leste se desdiz,
a cada ocaso há no final feliz
dos números da mente a bagatela
de uma luz de mentira. Contra ela
fui tecendo este canto de aprendiz.
Chico Buarque não é poeta:
Carolina
Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu
A pessoa pode detestar Camões e adorar Chico Buarque; não enxergar a beleza dos poemas de Tolentino e achar Noel Rosa genial. Mas a preferência não transforma Chico e Noel em poetas.
Letra de música não é poesia; letrista não é poeta. Poeta é Camões, ok?
No dia 14, o Estadão publicou a seguinte matéria:
Poesia une Noel Rosa e Chico Buarque no palco
Chico Rosa chega à cidade após 5 anos em Belo Horizonte
Beth Néspoli
Só mesmo uma licença poética para unir no mesmo palco Noel Rosa (1910-1937) e Chico Buarque. Mas bem que poderia ter acontecido. O autor de Feitiço da Vila, boêmio incorrigível, morreu de tuberculose muito jovem, aos 27 anos. Chico nasceu sete anos depois, mas garoto ainda já era admirador ardoroso da obra do sambista de Vila Isabel. Claro que alguns anos depois eles poderiam cantar juntos, como realmente aconteceria mais tarde, por exemplo, com Chico e Cartola.
Não encontrei na reportagem qualquer migalha de poesia que justificasse o título. Ou, para a repórter, Noel Rosa e Chico Buarque são poetas? Ah, bom, mas se até professores universitários reconhecem Caetano Veloso, Cazuza e Renato Russo como poetas, por que não seriam também Noel Rosa e Chico Buarque? Mas são poetas? Claro que não. E contra isso é preciso lutar. Poeta é Camões, Pessoa, Bruno Tolentino, Dummond, Bandeira, para ficar nos de língua portuguesa. Letra de música pode, num momento ou outro, ter elementos de um poema, mas nao é poesia e seus autores não são poetas. Se alguém disser o contrário, debata. A parada já está ganha, além de ser sempre prazeroso vencer o debate tendo razão.
RECORDE MUNDIAL DE CINISMO ACABA DE SER BATIDO EM BRASÍLIA!
Eis o recorde, estampado há pouco na capa da Folha de S. Paulo on line:
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Renan Calheiros diz que o país acredita na sua inocência
"Como é que se tira um presidente do Senado que é inocente? É a pergunta que o Brasil faz", afirmou Renan, que enfrenta a 4ª representação por quebra de decoro.
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E a reação do mini-tamanqueiro de plantão (de vez em quando ele se manifesta!) , ao ler tamanha desfaçatez:
Tradução das palavras do mini-tamanqueiro: Presidente de Senado que recebe dinheiro de lobista de empreiteira não tem condições morais de exercer o cargo! E ponto final.
BICHO
A certa altura, pressentindo que eu adotara a doutrina da Blietzkrieg, o pérfido bicho subiu aflito no dunquerque. Erro este só comparável à escolha de Alckmin para concorrer à presidência pelo PSDB em 2006, pois o blatídeo acabou encurralado entre as privatizações e o Bolsa Família, digo, entre o vaso de plantas e o som.
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(Texto completo, aqui)
ORAÇÃO DIÁRIA CONTRA OS CAFAJESTES DO SENADO FEDERAL
Já passa do meio-dia. O Sopa de Tamanco pergunta: o caro leitor já cumpriu o dever cívico ? Já chamou de canalhas e cafajestes inclassificáveis os senadores picaretas que armaram aquela palhaçada vergonhosa na semana passada ?
Se já chamou, tudo bem. Missão cumprida.
O dia pode começar.
O PAPA ALEMÃO
O jornal do dia informa : o governador do Rio disse que pediu ao Papa Bento XVI paz no Rio.
Eis o pedido certo para a pessoa certa!
O Papa pensou,pensou,pensou - e ficou de mandar a Guarda Suíça para o Complexo do Alemão.
Em breve.